Fonte: Jornal DCI – 02.06.2009
SÃO PAULO – A escolha das 12 cidades-sede que abrigarão as partidas da Copa do Mundo de Futebol em 2014 [Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Cuiabá, Manaus, Curitiba, Brasília, Fortaleza, Salvador, Recife e Natal] deve impulsionar uma série de licitações nos próximos meses – boa parte delas feita por meio de parcerias público-privadas (PPPs) – para a reforma e a construção de estádios, além da viabilização da movimentação de passageiros por trilhos ou aeroportos. Estudo da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) indica que serão aplicados R$ 110 bilhões (pela cotação do euro, ontem) até 2014, somente em infraestrutura.
No Estado de São Paulo serão aplicados R$ 32 bilhões, enquanto para o Rio de Janeiro estão previstos R$ 10 bilhões. Mesmo em capitais menores, como Natal (RN), o volume de oportunidades é considerável. Por lá serão aplicados quase R$ 5 bilhões em áreas como hotelaria, malha viária, aeroportos e saneamento. Uma das obras potiguares mais caras, o futuro Complexo de Natal, deve gerar R$ 1 bilhão só com a venda de espaços, sendo sua construção viabilizada por meio de PPPs, de acordo como governo local.
A verba gerada pelo complexo dará origem ao "Estádio das Dunas", empreendimento em que estão envolvidas companhias européias como a Luso Arenas, de Portugal, e a francesa Buygues, além das nacionais Serveng-Civilsan e Valora. O quadro vai animar certamente as construtoras com know-how em obras públicas, como a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, que estudam alguns projetos, além de empresas ligadas ao transporte, como a francesa Alstom, umas das fortes candidatas a participar da concorrência do trem de alta velocidade (TAV) que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro e que o Governo Federal pretende viabilizar para 2014.
A Odebrecht sinalizou ao DCI que "não descarta a possibilidade de participar dos projetos e estudará os editais conforme publicação", porém a companhia prefere dar detalhes só posteriormente, quando as concorrências forem publicadas.
Potências
Só em São Paulo, a expectativa é de atrair 500 mil turistas a mais no período da Copa, dos quais 180 mil de fora do País e que devem deixar por aqui R$ 300 por dia – fora hospedagem e transporte. O efeito multiplicador do evento deve representar incremento de 20% no número visitantes, nos dois anos seguintes à Copa. "Os maiores investimentos serão aplicados em infraestrutura viária, metrôs, trens e aeroportos", comentou Gilberto Kassab, prefeito da capital paulista.
São Paulo, que concentra boa parte dos hotéis das maiores redes internacionais, como a rede Accor Hospitality, e os econômicos Holiday Inn, da IHG, deve ver sua oferta hoteleira saltar de 42 mil quartos, para 50 mil hospedagens em 2014, segundo dados divulgados pela São Paulo Turismo (SP Turis).
Já no Rio de Janeiro, os R$ 10 bilhões estimados serão divididos entre a expansão do metrô do Rio, para reforço do transporte urbano, e a ampliação do Aeroporto Internacional do Galeão, entre outros aportes. A ampliação do Estádio do Maracanã resultará de uma parceria público-privada cujo processo de licitação está em consulta pública e deve sair até no máximo agosto próximo. Contatada pela reportagem, a assessoria da Odebrecht informou de que empresa "estuda sua participação nas concorrências para os novos estádios".
O polêmico trem-bala, uma das obras mais cobiçadas para ocorrer até Copa de 2014, o escopo de cuja licitação é estudado a sete chaves pelo Governo Federal, demonstra que será bastante disputada.
Diversas comitivas estiveram por aqui, entre franceses, japoneses e até coreanos. O setor estima que o custo das obras já está na casa de US$ 15 bilhões, e deve sair fruto de uma PPP com licitação marcada para este ano.
"Vamos participar para ganhar, temos tecnologia e capacidade financeira", comentou Philippe Delleur, presidente da Alstom no Brasil, que acompanhou, em visita recente, executivos franceses que demonstraram apetite pelo TAV brasileiro.
Surpresa
Uma das escolhidas para sediar os jogos, Manaus, foi apontada como surpresa na listagem divulgada pela FIFA. Na capital manauara, o principal estádio pode receber aporte de R$ 500 milhões, fruto de uma licitação que deve acontecer em pouco mais de um mês. A total reforma do estádio Vivaldo Lima deve aumentar sua capacidade de em oito mil lugares, resultando em uma arena para até 60 mil torcedores.
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