A adesão da PUC de São Paulo à Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro nesse mês de novembro, além de celebrar o alinhamento da academia brasileira aos movimentos das instituições de ensino superior internacionais, promove a adoção do diálogo e do encontro como formas de desenvolvimento da sociedade, em especial a brasileira, atacada nos últimos tempos por toda a violência representada pela intransigência.
O culto a esses dois singelos e ao mesmo tempo poderosos instrumentos é ideal para o momento nacional de tantos ataques e chamamentos ao confronto. Percebo, como mero observador, uma sociedade cansada das dimensões e mesmices das denúncias que não param de forjar um cenário devastador. A pergunta mais frequente nas rodas de conversa pessoais ou profissionais é quando e como tudo isso vai terminar.
Não tenho a resposta, mas ouso indicar uma pista, sem encontro e diálogo o fim da nossa crise está, cada vez, mais distante. Esse me parece ser o convencimento almejado pelo Papa Francisco que, desde o início de seu pontificado, tem demonstrado inequivocamente ser vocacionado ao encontro e ao diálogo.
Detentor de um carisma único, o sacerdote argentino representa a essência dessa cultura que prega a conciliação de ideias como forma de desenvolvimento social por meio da promoção de debates sobre temas sensíveis à nossa sobrevivência. Conciliar ideias não é ceder, aceitar ou capitular, é simplesmente ouvir e ser ouvido. Não é pensável que essa não seja a melhor forma de aprimorarmos nossas relações em todos os âmbitos.
Ao publicar a encíclica Louvado Seja (Laudato sí em latim), cujo o subtítulo é “O Cuidado com a nossa Casa Comum”, entendendo como casa comum o planeta terra, o Papa Francisco transmitiu uma ideia precisa sobre o que realmente é importante nessa contemporaneidade caótica. Precisamos nos encontrar e dialogar sobre o futuro da terra, sob pena de perdemos a nossa casa comum.
No diálogo consequente ao encontro, se valoriza a exposição do contraditório como elemento fundamental ao encaminhamento das soluções de conflitos. Esse, diferente da surdez do sarcasmo, é o verdadeiro patrimônio do homem.
Nossa inteligência precisa estar a serviço do diálogo permanente para que não nos esqueçamos de quem somos. O silêncio representado pela contrariedade aos antagonismos e às diferenças nos distancia da nossa essência representada pela fascinante capacidade de nos contatarmos por intermédio das mais diversas formas de linguagem.
4 de novembro de 20154 de novembro de 2015
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