Fonte: Diário DCI – 26.09.2013
O alto preço dos imóveis nas principais capitais brasileiras – que pode chegar a R$ 9 mil o metro quadrado em regiões nobres de São Paulo e Rio de Janeiro – tem levado o mercado imobiliário a procurar ativos fora do País. Hoje, Estados Unidos, Uruguai e Argentina apresentam valores que chegam à metade dos encontrados no Brasil. Essa diferença tem atraído empresas internacionais de intermediação imobiliária, como a One Sotheby’s International Realty e a Del Plata, além de fazer com que grupos nacionais, como a Lello, ampliem a atuação nesse segmento do mercado, que deve crescer 20% este ano.
"Outro fator que leva o brasileiro a investir em imóveis no País é a perspectiva de valorização das propriedades. Nos Estados Unidos, por exemplo, após a crise de 2008 os preços dos imóveis despencaram. Agora, economistas projetam retomada nos próximos anos e isso chama atenção dos investidores brasileiros", disse Suzane Moraes, consultora imobiliária do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (CRECI-PE).
Diante deste cenário, a One Sotheby’s International Realty, especializada em intermediação imobiliária no sul da Flórida, tem registrado taxas de crescimento de 30% ao ano. Segundo o diretor de desenvolvimento de novos negócios da empresa, Alan Araújo, os brasileiros já somam 25% das vendas da companhia, e esse número deve seguir em expansão.
"Miami deixou de ser uma cidade sazonal e turística e tem se tornado um centro econômico cada vez mais importante no cenário mundial. Foram vários aportes realizados nos últimos anos, então, acredito que este seja o momento para investir, porque a tendência é que os valores subam consideravelmente nos próximos anos", disse o executivo.
Essa enxurrada de novos investidores na região já foi sentida pela empresa, que superou o valor geral de vendas (VGV) alcançado ano passado. "Ano passado vendemos US$ 1,5 bilhão. Esse ano estamos em US$ 1,6 bilhão. Ainda temos três meses pela frente", afirmou Araújo.
Segundo o executivo, o mercado brasileiro é uma das apostas do grupo para os próximos anos. "O Brasil é nosso foco. Tanto que a Sotheby’s me contratou somente para priorizar esse segmento. Exemplo do potencial é que, somente esse ano, fechamos mais de US$ 50 milhões em vendas para brasileiros", destacou lembrando que a empresa deverá anunciar em breve novas parcerias para incrementar ainda mais as vendas no País.
Quem também prevê incremento nas vendas de imóveis nos Estados Unidos é administradora imobiliária Lello. Segundo a empresa, procura de brasileiros por imóveis em Miami e Orlando aumentou 42% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Nesse mesmo ano, a companhia fechou uma parceria com a Faccin Investments e entrou no ramo de intermediação no exterior.
De acordo com a pesquisa da Lello, um imóvel de três dormitórios na cidade de Orlando custa entre R$ 414 mil e R$ 575 mil (considerando o câmbio de 11 de setembro), enquanto unidades similares em bairros nobres de São Paulo, como Morumbi, Jardins, Campo Belo e Vila Nova Conceição ultrapassam R$ 1 milhão.
"Do total de brasileiros que procuram imóveis em Miami e Orlando, 50% o fazem como investimento e 47%, para passar férias", disse Roseli Hernandes, diretora comercial da Lello Imóveis.
"A procura de brasileiros por imóveis na Flórida não para de aumentar e, por isso, estamos ampliando cada vez mais o nosso leque de ofertas. Estamos preparados para atender qualquer demanda, desde apartamentos de luxo em Miami a casas de condomínios em Orlando", acrescenta Hernandes.
América do Sul
Outro mercado em potencial para novos negócios são países da América do Sul, como Chile, Argentina e Uruguai. "A valorização do real ante outras moedas da América do Sul caracterizam um bom negócio de investimento", acrescenta Suzane Moraes.
Segundo a consultora, o Uruguai aparece também como uma boa opção mediante as possíveis mudanças políticas que estão em trâmite naquele país. "Além de ter virado um dos pontos mais apreciados pelos brasileiros na América do Sul, o Uruguai vive agora um momento histórico com a possibilidade de liberação da maconha, o que poderá inflar o mercado imobiliário no médio prazo", afirma Suzane.
Este ano, o Uruguai obteve exposição mundial com uma proposta que aprovada na Câmara dos Deputados que previa que o país fosse o primeiro do mundo em que o Estado controla o plantio, a distribuição e a venda de maconha. A proposta deverá ser apresentada no Senado, segundo fontes, ainda este ano.
De acordo com Suzana, um imóvel de três dormitórios, em cidades como Montevidéu e Salto, custa em média US$ 250 mil. "O valor ainda fica muito a baixo do verificado nos grandes centros em São Paulo e no Rio de Janeiro", completa a consultora.
Especializada em comercialização de imóveis na América Latina, a imobiliária Del Plata projeta avanço na casa dos 30% nos negócios com brasileiros este ano, e já prevê abertura de escritório em São Paulo. "Nossa atuação, até 2011 era focada na Argentina, Chile e Uruguai. Com a crise na Argentina, procuramos novos negócios e o Brasil se mostrou extremamente receptivo", disse Marco Rivera Martinez, diretor de novos negócios da Del Plata.
Em um ano, a companhia negociou mais de US$ 30 milhões de imóveis para brasileiros. "É um número muito positivo. Estamos projetando parcerias com imobiliárias brasileiras para aumentar essa escala em até 50%, somando US$ 45 milhões de negócios feitos já em 2015", afirmou.
Entre as cidades em destaque, o empresário cita Montevidéu e Punta del Este, no Uruguai, Buenos Aires, Córdoba e La Plata, na Argentina, além de Santiago e Concepción, no Chile. "O real está fortalecido na América do Sul, e a proximidade com o Brasil faz com que os investimentos para as férias sejam mais atraentes do que em outras regiões", completou o executivo, lembrando que a empresa está com dez lançamentos em venda.
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