Fonte: Jornal Hoje em Dia – 07/06/2011
Mesmo deficitário, o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, desperta o interesse de empresas privadas. Construtoras, operadores especializados e bancos de investimentos estão entre os players que poderão ingressar no novo filão de negócios, que cresce embalado pelo bom momento da economia e expansão da demanda. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontam que, de janeiro a abril deste ano, a procura por rotas domésticas cresceu 20% em relação ao mesmo período de 2010. Já nos voo internacionais, o fluxo subiu 21%.
De acordo com o consultor especializado em infraestrutura aeroportuária José Wilson Massa, chamam a atenção os principais aeroportos, como Guarulhos (SP), Viracopos (SP), Juscelino Kubitschek (DF), Galeão (RJ) e Confins, em Minas. “É um negócio muito rentável, e o aeroporto de Confins é ainda mais atrativo porque foi projetado com olhos para 30 anos à frente”, afirma.
Um dos pontos fortes do terminal mineiro é o sítio aeroportuário de aproximadamente 15 quilômetros quadrados. Deste espaço, menos da metade está sendo utilizada, e a implementação do aeroporto industrial é outro fator que incorpora viabilidade à concessão.
Pelo levantamento divulgado em fevereiro pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), com dados referentes ao ano de 2009, dos cinco aeroportos que estão sendo estudados para a concessão, apenas o de Guarulhos opera no azul, com um superávit de 143,6 milhões. O Aeroporto de Confins registrou prejuízo de R$ 5,2 milhões. Para Massa, com o modelo proposto pelo governo, no qual 51% do capital será da concessionária e até 49% da Infraero, a gestão comandada pela iniciativa privada dará mais eficiência aos processos. “Surpreendeu positivamente o modelo anunciado, porque o governo, geralmente, não abre mão de controlar setores estratégicos. Um exemplo é a Petrobras no setor energético”, diz.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Alberto Salum, neste tipo de concessão, os grandes grupos são os mais interessados e aptos a gerir o empreendimento. “Tudo depende do retorno, que é em quanto tempo as empresas vão conseguir obter lucro”, afirma. Período que varia de 20 a 40 anos, dependendo do modelo adotado.
Conglomerados como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht possuem empresas que focam na gestão aeroportuária. A Camargo, por exemplo, tem concessões no Equador e na Costa Rica. Sobre o assunto, o grupo Odebrecht informou, por meio de nota, que está atento às oportunidades no setor.
Para a advogada do escritório Edgard Leite Advogados, Márcia Bucollo, neste momento, é preciso uma definição das regras. “Deve-se definir as atribuições de cada órgão, das empresas, e os critérios de fiscalização para poder garantir a viabilidade do negócio”, afirma.
Propostas financeiras para a obra saem nesta terça-feira
Serão abertos nesta terça-feira, às 15h30, os envelopes com as propostas de preços dos concorrentes na licitação para as obras de ampliação e modernização do Terminal 1 do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Vence a concorrência aquele que tiver protocolado o menor preço. Depois de publicado o resultado no Diário Oficial da União, haverá ainda um prazo de cinco dias para recursos dos demais participantes.
Esta é a segunda fase do processo. Na segunda-feira, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) julgou improcedentes os dois recursos apresentados na fase inicial, de qualificação técnica e financeira. O primeiro, do Consórcio RCI, formado pela Construtora RV, de Brasília, IC Suplly Engenharia, do Rio de Janeiro, e Convap Engenharia e Construções, de Minas Gerais, contestava a desclassificação por falta de garantias financeiras. A Infraero manteve a decisão, por considerar que o consórcio era muito dependente do capital de uma única integrante, a Convap, afirmando que uma eventual saída da empresa do grupo comprometeria as obras.
Já o segundo recurso, do Consórcio Marquise/Normatel contestava a capacidade financeira do consórcio RCI, já considerado inabilitado, e a capacidade técnica do consórcio SHFC Confins, formado pelas empresas Serveng Civilsan, Heleno & Fonseca Construtécnica e Consbem Construções e Comércio Ltda. A argumentação era de que a documentação não apresentava os comprovantes de prestação de serviços específicos para esteiras de bagagem.
Assim, permanecem na disputa cinco consórcios e duas empresas. O valor das intervenções no Terminal 1 foi orçado em R$ 237,8 milhões. De acordo com a Infraero, o início das obras está previsto para 21 de outubro deste ano, e a conclusão, para 31 dezembro de 2013. No fim deste período, a capacidade do aeroporto sairia de 5 milhões para 8,5 milhões de passageiros por ano.
Deixe um comentário