Fonte: Jornal DCI – 13.01.2010
SÃO PAULO – A participação das empresas privadas vem crescendo cada vez mais dentro setor de saneamento básico brasileiro, que envolve tratamento de água e esgoto, e atualmente depende, em boa parte, das companhias públicas, municipais e estaduais.
A previsão de aceleração na área de infraestrutura do País, por meio das concessões, incluindo no segmento de água e esgoto, pode atrair de volta para cá corporações europeias especializadas e que são referência mundial no assunto.
De acordo com a Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), a previsão é de que a participação privada no segmento salte dos atuais 6,5% da população urbana para 30% em 2017, atingindo 45 milhões de pessoas atendidas – o atendimento é o índice utilizado para medir a atuação no setor.
"Algumas empresas de fora chegaram a atuar por aqui, mas saíram na época pela falta de um modelo de concessões eficiente", explicou Yves Besse, presidente da Abcon, ao acrescentar que o marco regulatório – instituído em 2007 – pode trazer de volta estas corporações nos próximos anos com amadurecimento deste mercado.
Hoje, as empresas europeias estão entre as maiores do mundo nessa área. A exemplo das francesas Suez Ambiental e Veolia, da espanhola Aguas de Barcelona, além de algumas inglesas.
O crescimento da demanda no setor de infraestrutura do Brasil, aliado ao avanço da experiência privada no saneamento, pode atrair novamente o olhar destas corporações para possíveis negócios brasileiros nos próximos quatro anos.
Fator
Outro fator que reforça toda essa tendência no mercado de movimentação e interesse das empresas internacionais em aplicar investimentos no Brasil é justamente o reflexo da evolução mundial dos serviços prestados por operadores privados, e reforçada por dados levantados pelo Banco Mundial junto aos contratos de maior volume de atendimento. Foi apontado que em menos de 10 anos, as principais empresas aumentaram o acesso a água potável de 41 milhões para 72 milhões de pessoas.
O cenário foi desenhado em recente assembleia da Federação Internacional dos Operadores de Água (Aquafed).
Além das concessões, um modelo que pode ocasionar mais oportunidades ao setor são as parcerias público-privadas (PPP), que com uma possível renovação na regulamentação, ocasionarão novos negócios em paralelo aos que virão pelas concessões.
Brasil
No mercado brasileiro, as primeiras empresas especializadas no setor foram fundadas por grandes construtoras, como a Foz do Brasil, do Grupo Odebrecht, a CAB Ambiental, criada pela Galvão Engenharia e a Saneamento Ambiental do Águas do Brasil (SAAB), originada na Queiroz Galvão e Carioca Engenharia. Por enquanto, estas são os principais players na disputa por uma fatia do mercado privado de saneamento.
"Hoje, temos no Brasil um movimento forte no Mato Grosso, além do Rio de Janeiro e São Paulo", comentou Yves Besse com o DCI, ao apontar onde estão as oportunidades do setor.
Na região do Mato Grosso, no Centro-Oeste do País, por exemplo, há um forte aumento das operadoras privadas que começou com a extinção da companhia de água local, e que fez com que alguns municípios optassem por estas empresas que atuam na região, ao invés de fundarem suas próprias companhias.
Norte
Já no norte do País, foi constituído um modelo de empresa privada com uma participação minoritária do estado. "As PPPs devem originar negócios e o desenvolvimento destas empresas", projetou Besse, que além de presidir a Abcon, está no comando da CAB Ambiental.
A própria CAB constituiu uma recente PPP para prestar serviços à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no Sistema Produtor do Alto Tietê.
"O contrato que a Sabesp desenvolveu e que nós ganhamos é um bom exemplo", salientou o também presidente da CAB Ambiental.
O referido negócio teve o valor estimado em R$ 1,1 bilhão em um projeto de 15 anos, que desencadeará na construção de adutoras e reservatórios com capacidade para armazenar 70 milhões de litros no Alto Tietê. A CAB Ambiental mantém negócios com valor consolidado em R$ 2,5 bilhões, sendo distribuídos três concessões municipais e uma PPP, nos Estados de São Paulo e do Paraná. No ano passado, a empresa faturou R$ 85 milhões, gerados pelo atendimento à 3,8m milhões de pessoas.
Concorrência
Uma das principais concorrentes da CAB, a Foz do Brasil foi a primeira empresa a conquistar uma concessão privada, na cidade de Limeira, no interior do Estado de São Paulo.
Hoje a companhia atende a mais de 3 milhões de pessoas em 19 cidades do País, tendo conquistado contratos por concessões e parcerias com o poder público. A Foz também atua no setor industrial, atendendo clientes como Petrobras, Braskem Transpetro e Dow, dizem fontes do setor.
Até 2017, a participação das empresas privadas no setor de saneamento básico brasileiro deve saltar dos atuais 6,5% para 30% através de concessões. O aumento deve ser responsável por levar o serviço para cerca de 45 milhões de pessoas, segundo a Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). Este movimento deve atrair de volta ao País empresas europeias, referência nesse setor.
Além das concessões, as parcerias público-privadas (PPP) podem otimizar estes novos negócios. "Hoje, temos no Brasil um movimento forte no Mato Grosso, além de Rio de Janeiro e São Paulo", afirma Besse.
Já no Norte do País, foi constituído um modelo de empresa privada com uma participação minoritária do Estado. "As PPPs devem originar negócios e o desenvolvimento destas empresas", projetou Besse, que também está à frente da CAB Ambiental.
A CAB constituiu uma recente PPP para prestar serviços à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), num negócio de R$ 1,1 bilhão para ser executado em 15 anos.
Deixe um comentário