Fonte: Jornal DCI – 18.06.2009
SÃO PAULO – A meta do governo é elevar a fatia de investimentos em infraestrutura para 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, afirmou o secretário de Política Nacional de Transporte, do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato. Atualmente, o País investe 0,5% do PIB neste setor. Segundo ele, a medida é fundamental para não perder espaço frente a outros países, como China e Índia, que destinam cerca de 3% para melhorar seus sistemas logísticos.
Na avaliação de Perrupato, o Brasil precisa aproveitar o momento atual de fraca movimentação nos portos, reflexo da crise financeira, para investir em infraestrutura e atenuar o gargalo logístico. "Temos pouco tempo para nos salvar do apagão logístico até sair da crise. O gigante (EUA) está dormindo, mas quando acordar virá com fome", afirmou referindo-se à expectativa de recuperação dos Estados Unidos já em 2011. O secretário afirmou que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) prevê o aumento da participação do modal ferroviário de 25% para 35% e do hidroviário de 16% para 29%, além de mais investimentos em dutos para o transporte de etanol. A ideia é construir 10 mil km de malha ferroviária em todo o País até 2023.
O presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, observou que o custo logístico no Brasil representa 16% do PIB, ou cerca de US$ 48 bilhões, enquanto em outros países o gasto médio é de 10%. "Esta diferença representa as divisas que o País perde", alerta.
O diretor superintendente da Aliança-Hamburg Süd, Julian Roger Thomas, também considera que este é o momento para investir na ampliação da capacidade de operação dos portos brasileiros para reduzir os custos. "A crise abre espaço para o Brasil se preparar para a retomada do crescimento", afirma. Segundo ele, a companhia detectou uma queda de 30% a 40% na movimentação de contêineres deste o início da crise financeira global. "Mesmo na crise é viável conseguir financiamentos. Há dinheiro para investimentos, mas o Brasil precisa de um marco regulatório".
A redução de operações no porto criou uma situação atípica: produtividade na operação dos portos. "É claro que isso é passageiro.
Acontece por causa da crise", afirma Thomas. Segundo ele, com a queda prevista para este ano, a movimentação nos portos brasileiros deve recuar para os níveis registrados em 2004. O cenário deve mudar com a recuperação da economia global, a partir do próximo ano.
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